Comentei aqui a uns tempos, que a investigação para o porquê, se é que existe algum, ao segundo aborto... estava ainda a decorrer e que tinha feito umas análises de sangue para investigar se tinha problema da tiróide que não tenho, ou se tenho algum problema na coagulação que possa provocar trombose na placenta e conseguinte morte fetal.
Os resultados já tinham saído e deu fraco positivo, o que me deixou completamente baralhada e a médica nada de me responder... coincidências ou não, ontem na Cuf a almoçarmos na cantina a médica estava lá, viu-me e chamou-me. Disse que não me tinha dito nada porque teve de ir falar com um especialista em Trombofilias.
Basicamente o resultado do exame veio com um dos anti-corpos fracamente positivo e isso pode indicar que eu tenha
síndrome dos anticorpos anti-fosfolipídeos (SAF) ou ainda síndrome de Hughes, é uma doença crónica em que o organismo passa a produzir anticorpos que afetam a coagulação sanguínea, levando à formação de coágulos que acabam obstruindo a passagem de sangue nas veias e artérias.
É uma causa importante para a ocorrência de trombofilia adquirida e abortos repetidos. Em algumas mulheres apenas ocorre a trombose placentária.
E aparentemente eu posso me enquadrar neste campo, porque tive um fraco positivo num desses anti-corpos. O tal especialista recomendou repetir o exame daqui a dois meses senão tiver engravidado para confirmar o diagnóstico, porque claro comigo é tudo sempre na zona cinzenta, do pode ter ou pode não ter. Comigo nunca há certezas de nada... irra para isto.
Mas a médica disse para iniciar os treinos quando eu me senti-se preparada, e que assim que engravida-se que o especialista disse para eu ser tratada com uma pequena dose de aspirina e ser considerada uma grávida com esse síndrome. Portanto nada de romantismo na visão do B de que desta vez só faria o teste de gravidez quando tivesse um atraso de uma semana ou mais... nop ao primeiro atraso é favor fazer o exame para iniciar tratamento.
Claro que não é garantia de nada, tanta coisa pode correr mal...mas pelo menos é uma pequena explicação, felizmente eu conheço quem tenha esta síndrome e passou bem mais do que eu, perdeu um filho que nasceu prematuro. E quando descobriram que ela tinha isto após morte do primeiro filho, as restantes gestações chegaram a bom porto, com filhas prematuras mas saudáveis.
A minha reacção quando recebi os exames era de dass uma merda de uma análise de sangue podia ter evitado a segunda perda, mas pelo menos tenho uma explicação melhor do que foi azar.... é um sentimento agridoce, finalmente ter respostas, mas saber que foi o meu corpo que fez isto é assim digamos uma merdinha. Saber que já vou ser monitorizada na quarta gravidez já me deixa mais descansada e preparada para tudo.
Para o B saber foi um misto e agora sabendo que podes ter isto é mais uma preocupação e isso não é bom para a gravidez, e eu respondi e se não soubesse de nada iria ficar em pânico a mesma, porque quem passa por isto duas vezes não pode relaxar como se nada fosse. Óbvio que não vou viver obcecada, vou tentar viver um dia de cada vez, mas sempre mentalizada que "Shit happens" e "Tudo acontece por um motivo".
Então não acontece, encontrar logo a minha OB no hospital quando a minha cabeça estava a mil e a querer uma resposta se sim tenho de tomar aspirina ou se não afinal foi só azar e ela aparecer logo ali a minha frente?! Sim tudo acontece por um motivo...
Nem que seja neste momento considerar ainda mais a minha M um pequeno milagre, porque se realmente tiver este problema de fazer trombose nas placentas, foi preciso um grande milagre para a M nascer com 38 semanas... sim quis nascer mais cedo, mas nunca tive problemas na placenta e nasceu pequena mas gordinha sinal de uma placenta saudável...
Sim Olívia sei bem o que estas a pensar, que foi Deus que me fez a M nascer e que foi ELE que me a colocou ali... eu prefiro acreditar que foi os meus dois anjinhos no Céu... o Primeiro fez a M nascer e os dois estão agora a olhar por nós...
Porque infelizmente ainda não consigo viver com um Deus que permite tanto sofrimento....
Lembram-se de eu contar aqui que os vloggers preferidos estavam a espera de bebé e que poderia nascer em Novembro, e o meu nasceria em Outubro.
Quando contaram, dois dias depois foram ao médico, ela com uma barriga já a notar-se tal como eu, e fizeram uma eco para verificar a data gestacional, o Jonathan disse "Não temos bem a certeza o bebé é mais pequeno do que devia, se calhar confundimos as datas".
E só isto me fez tremer e disse ui acho que esta vai correr mal, pois que ontem revelaram que afinal o bebé tinha falecido as 6 semanas no útero e que confirmaram 2 semanas depois. Mas elas supostamente estaria de 9 semanas quando foi a primeira eco. E o bebé tinha supostamente 6 semanas.
Claro que ela explicou no Snapchat, que suspeitava e passou duas semanas horríveis, eu notei que ela mal aparecia nos vlogs...
A história dela é muito semelhante a minha, excepto que eu vi as 6 semanas e vi o coração bater, pedi para a médica ligar o som e ela disse que ainda não dava, eu achei estranho e ignorei.
As 9 semanas, achei estranho ela perguntar assim que me viu senão tinha sangramentos (a médica suspeitou na eco das 6 semans que o batimento esta lento, mas não me quis dar 3 semanas de pesadelos). Assim que fui para o ecografo e vi o ecrã soube logo que algo esta muito errado e ela confirmou que o meu bebé tinha morrido uns dias depois da eco... só que o meu corpo não sabia disso.
O mesmo se passou com eles, mas como os médicos nunca tinham visto o batimento cardíaco do bebe tinham de tirar as teimas duas semanas depois, não fosse os pais terem se enganado nas datas, ou ela ter tido uma ovulação tardia.
Eu no fundo soube quando eles saíram da primeira eco que algo estava mal, até porque ela tinha feito um teste da Clearblue digital que diz as semanas e este malvado nunca me falhou... e supostamente nessa eco ela estaria de 9 semans e não de 6 semanas.
Claro que agora imensa gente vai julga-la porque não chorou quando contou aos fãs, mas eu que já passei por isso sei perfeitamente ver nos olhos dela, que foi complicado conter as lágrimas, os olhos não enganam...
E o mundo é tramado e a vida também, logo eles que estavam a quase um ano para tentar ter o 3 filho, claro que já li cenas como "pelo menos tem dois filhos"... como se por termos um ou dois filhos isso apague a dor....
Os únicos vloggers que sigo, também estão a espera de bebé, nasce em Novembro.... o meu nasceria em Outubro. A vida é tramada....
Sim, sim eu sei as tretas todas, de daqui a nada também estas novamente grávida... ou era porque tinha de ser e vais ter o outro quando tiver de ser....
Eu sei essa filosofia toda de trás para a frente e de frente para trás.... e sei que da primeira vez, passado mês e meio descobri que a M vinha de caminho e foi uma surpresa.... eu sei disso tudo... mas quer dizer assim pelo alto está a Médica do serviço grávida de um menino, nasce em Agosto. A filha da auxiliar do serviço está grávida nasce em Novembro (a senhora é muito minha amiga e teve medo da minha reacção, mas eu disse que tudo bem por mim e faço questão que partilhe comigo a sua alegria por ir ter um neto).... depois é uma colega aqui que está a treinar para engravidar.... e agora os meus vloggers preferidos.
Continuamos sem explicação para o que aconteceu. A primeira vez é considerada normal, a segunda já o médico e todos ficam a pensar.
Temos quase ordem para voltar a tentar, mas primeiro vou fazer umas análises de sangue para despistar as causas mais comuns de perda gestacional, uma é ser um problema com a Tiróide e a outra hipótese é ter de tomar aspirina durante a gravidez para evitar que a circulação sanguínea pela placenta fique comprometida.
A primeira duvido que tenha, já me fizeram várias análises a dita Tiróide porque aumento de peso rapidamente e para além disso nem parece que tenho o peso que tenho. E tem estado sempre normal. A segunda hipótese é ter sido tal problema com a coagulação do sangue... apesar do exame aos restos fetais não terem indicado isso, mas também o que indicaram foi despistado por análises e não foi isso que aconteceu que era uma suposta gravidez molar. A médica também não acredita que seja essa a causa, porque a M nasceu sem grandes complicações, sim uma gravidez de risco, mas não das mais complicadas que ela OB teve de lidar.
Vou fazer os exames, porque apesar de a médica achar que sou muito azarada, bolas com tudo o que me aconteceu já ganhava o euromilhões, ela acha que não preciso de passar por uma terceira para se começar a tentar investigar.
Se as análises estiverem ok, temos ordem de voltar a tentar.... e o que eu vou fazer olha vou ignorar o assunto quando aconteceu, aconteceu... mas sim quando acontecer vai ser um misto de felicidade e de grande nervosismo por cada eco e cada consulta. Mais ainda do que a M, porque sim quando a tive já tinha tido um AE... mas um por norma é normal de acontecer.... o segundo é que a percentagem baixa e já não é tão frequente acontecer.
Claro que não vou testar todas as causas para a perda gestacional, existem tantas mas tantas justificações e na maioria das vezes é tudo puro azar... más combinações genéticas....
Agora para tirar o mito - Não, não é preciso esperar 6 meses após um AE para se tentar, pode se tentar logo que se sintam preparados. Um Aborto retido com Aspiração, não não é preciso 6 meses para voltar a tentar.... apenas fazer os testes e exames normais para ver se está tudo OK.
Por todo o lado é gente grávida ou a pensar em engravidar. Da primeira vez era a minha irmã...desta vez é a filha de uma colega e a médica do serviço (uma de seis semanas e a outra de 4 meses) e outra colega a pensar em engravidar. Eu neste momento estaria de 13 semanas quase 14.
E eu olha acho que o Universo tem um sentido de humor muito perverso.
Enfim, mas as pessoas em questão estão mais preocupadas comigo do que eu própria. A vida continua e não vivo em função dos outros.
No decorrer da minha vida acho que já tenho infelizmente bastante experiência no campo e posso dar umas dicas a quem nunca passou por isto mas não sabe o que dizer a quem passou ou está a passar. Principalmente porque desta vez ao chegar ao trabalho tive muitas pessoas a pedir desculpa por não me terem dito nada, mas não sabiam o que fazer... principalmente porque era a segunda vez... a primeira acho que até eles souberam lidar melhor do que esta.
1- Se não sabe o que dizer, não diga nada, não ligue, quanto muito mande uma mensagem com um beijo e força.
2 - Nunca mas nunca diga - deixa lá ainda estava de pouco tempo, imagina se já o sentias....
3 - Deixe-se de coisas como - Deus sabe o que faz, e foi melhor assim.... nestas alturas queremos lá saber de Deus e do que ele faz, porque se ele soubesse fazer alguma coisa de jeito não fazia isto... Parece que nos estão a dizer Deus está te a castigar.
4 - Deixem de dizer provavelmente era deficiente ou tinha algum problema, sinceramente não acham que nós sabemos isso, mas mesmo que o digam isso não minimiza ou cura o que sentimos.
5 - Vais ver que tens outro e nem te lembras do que passas-te - tipo a sério, isso é coisa que se esqueça, é vergonha?! Digo sempre o mesmo tenho uma filha e duas estrelinhas (maioritariamente a mim porque muitas pessoas não entendem). Por muito tempo que passe não deixo de pensar na data que era suposto nascer e pensar, estarias a fazer 3 anos no dia 11 de Outubro, nascia a 2 de Outubro... não deixo de pensar no dia 6 de Fevereiro e no dia 29 Fevereiro..... da mesma forma que alguém que perde um pai ou mãe não deixa de se lembrar da data da morte ou dos seus anos.
6 - Nunca perguntar a pessoa em questão, principalmente se não tem confiança com ela, se temos algum problema para perdermos o bebé....
O que dizer por mensagem ou carta, nunca ao telefone dias depois de isso acontecer: Sei que é difícil e muito injusto que estejas a passar por isto, não estas sozinha, não foi nada que tenhas feito e nem é tua culpa. A dor não passa apenas diminui, e tenho esperança que um dia me contes novidades bem boas.
É o Netflix, sem ele estes dias tinha ficado maluca. Sim a TV mesmo por cabo repete muito a programação só passando coiss fixes a noite, e quem não tem cabo e tem satélite que se lixe e não pode andar cá a navegar pelos dias.
Mas com o Netflix foi diferente, vi 5 séries sim, isso mesmo... primeiro comecei com comédias ligeiras tudo originais do Netflix, depois avancei como o marido para o "how to get away with murder" ainda vi a série dramática "The Returned" original também do Netflix. E ainda um filme.
Como podem ver avancei com comédias para não pensar no assunto e quando comecei a curar-me voltei-me para as séries que cativam e nos interessam. Mas que são pesadas.
Li um livro que nem vale a pena me lembrar o nome, e comecei outro... e agora recebi imensos livros emprestados, da minha irmã e de uma colega.
Isto sou eu, eu quando estou em baixo refugio-me para as séries e para os livros... há quem não entenda... há quem pense que estou a fugir a realidade, mas eu assim me curo.... assim me encontro.
O recomeço, ou assim a vida me obriga. Para muitos foram umas férias, pessoas egoístas que não compreendem nada do que se passa com os outros, apenas olham para o seu umbigo.
Para mim foi um tempo para me organizar, para fazer o luto em privado... para poder recomeçar, não digo esquecer porque ninguém esquece determinados maus momentos... eu não me esqueço que o mês de Fevereiro não é nada bom para mim, e desta vez mostrou os ares da sua graça logo no último dia do mês... fazendo com que Março também não me traga boas memórias.
Sim tive a M para me distrair, sem ela de certo que iria ser muito pior.
Agora estou de volta, e espero continuar a vir aqui mais regularmente e voltar a ter "assunto" para escrever.
Por incrível que pareça pelo trabalho o pica ponto continua avariado (temos de ir a outro lado mais longe) e isto já vai quase dois meses.
Aconteceu novamente. Não é por ser uma segunda vez que a perda se torna mais fácil. Acho que ainda é mais difícil. A primeira sabemos que é normal. É a primeira gravidez o corpo ainda não se adaptou e pode acontecer a maioria das mulheres. Mas quando é a terceira gravidez e já perdemos um, nunca nos passa na cabeça perder. Muito menos as 9 semanas quando já tínhamos visto o feto e o coração a bater. Chegar a consulta sem qualquer sinal e assim que olhamos para o ecran por não ser a primeira vez percebemos logo q algo está mal. O saco esta grande como devia mas o embrião esta pequeno. E sabemos logo que algo esta mal. E ouvimos a palavra infelizmente e o mundo desaba. Infelizmente algures entre as seis ou sete semanas o coração parou. Mas o corpo considera que a gravidez esta viável e por isso desenvolveu o saco e não há sinais de aborto. Depois a explicação do que fazer. Escolhemos fazer em casa. Supostamente seria fácil. Não foi. Não pela dor porque fisicamente não tive dores. Mas sim psicologicamente e porque ao fim de três dias nada de sangramento e já tinha acabado uma caixa. Fui internada na cuf pensei em horrores, porque sempre ouvi dizer que doia que sentíamos tudo. Felizmente no privado tratam nos mulheres que perdemos bebés com dignidade. A enfermeira foi querida. Explicou tudo e disse que seria sedada e ia dormir e que nunca iam me por no mesmo sitio com uma mãe acabada de ter um bebé. A minha obstetra uma querida que quis ser ela a fazer o procedimento mesmo tendo ficado a trabalhar até as nove para acabar as consultas. Graças a ela fui só aspirada. Ao anestesista que foi um querido e me perguntou sobre a minha filha para que fosse dormir a pensar nela e não no que me estava acontecer. Acordei a pedir para continuar a dormir. Acordei muito bem. E assim que chegou um bebé levaram me logo para o meu quarto. Claro que o meu marido não me deixou sozinha. E a minha família e amigos deram imenso apoio. E aos poucos vou dando a volta por cima de um pedragulho no meu caminho. Dia 29 de Fevereiro felizmente só acontece de 4 em 4 anos. Foi o dia em que descobri que o meu corpo me deixou mal novamente.