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Special Things by Me

Um blog sobre ser mãe, mulher e esposa. Um blog sobre os desafios da maternidade, sobre alimentação especial, um blog sobre tudo e sobre nada.

Special Things by Me

Um blog sobre ser mãe, mulher e esposa. Um blog sobre os desafios da maternidade, sobre alimentação especial, um blog sobre tudo e sobre nada.

Eu já fiz isto

No destaque hoje do sapo, encontrei este post, sobre alguém que se despediu do seu emprego que o estava a tornar infeliz. 

 

Eu também o fiz, e também o fiz numa altura que era eu que me sustentava a mim própria e sem ajudas. 

Lembro-me de sair da faculdade e de não arranjar emprego (arranjei um primeiro emprego que durou 3 meses e que me abriu as portas a realidade de ser delegado de informação médica) lembro-me de ir para um call center fazer o turno das 3h as 24h, foi duro, mas foi bom... era boa no que fazia, gostavam de mim.

Era apoio ao cliente e sim fui maltratada por clientes mas nunca pelo patrão. Quando fui embora supostamente para ir trabalhar na área de delegada de informação médica, o meu chefe ficou triste, sentou-se ao meu lado e perguntou porque ia... eu disse porque é algo mais próximo da minha área e é em Lx onde eu quero trabalhar, ele aceitou e disse que tinha pena mas se era algo melhor para mim que aceitava, só não aceitava que eu fosse embora por algum problema com o trabalho. 

Eu deveria de desconfiar, fui contratada para uma empresa como estágio profissional subsidiado, ou seja temos uma bolsa durante 9 meses em que o patrão pagava o ordenado mínimo e o outro ordenado mínimo era pago pelo centro de emprego. Ajudas de custo não haviam, não éramos pagos por km percorridos, ou melhor era dado no final dos 9 meses esse valor. Parecia muito bom, podia sair quando queria. 

Mas eu devia de ter desconfiado, na entrevista de emprego, o patrão vez-me chorar e eu devia de ter desconfiado que não queria aquilo. Atenção ele simplesmente disse parece-me uma rapariga muito triste, o que se está a passar com a sua vida... e eu chorei como nunca tinha chorado por 1 ano de sofrimento, 2008 foi o ano que o meu pai ficou doente e o ano em que ele sobreviveu... e na altura ainda não estava fora de perigo de vida... e eu que tinha sido um rochedo para a minha mãe...não tinha encontrado emprego na área para a qual estudei, desmanchei-me a chorar porque o patrão meteu-se onde não devia....

Ele contratou-me, o que eu não estava a espera era de em primeiro lugar só darem formação em venda e não sobre o produto que iria tentar vender. Depois o patrão sempre que me via, tentar ser meu pai e dar-me sermões de que tinha de reagir, que a família é importante mas a minha vida vale mais... 

Descobri que me contratou porque coloquei no questionário de emprego a resposta a pergunta - "Como vê o seu chefe/ patrão?" e eu respondi " Como um pai, que podemos confiar com os nossos problemas e esperar formação e apoio para crescer mas também saber ouvir os seus raspanetes quando fazemos algo errado."

Como viram eu não estava bem da cabeça lol, olhando em retrospectiva esta deprimida, a viver em casa dos meus pais e a prestar apoio a minha mãe, quando na realidade eu queria era viver em Lx com o meu namorado... com a a culpa de ir para Lx porque sentia que ia deixar o barco todo para a minha irmã mais velha e a minha mãe sem o meu apoio. 

O Patrão bem intencionado (até acredito) aproveitava toda e qualquer oportunidade para falar comigo e tentar fazer papel de pai, mas atenção não era só comigo que ele fazia este jogo, ele adorava chamar os funcionários e perguntar sei que anda mais em baixo o que se passa.. e um não se passa nada... não lhe chegava, ficavamos uma hora no gabinete dele a tentar sair de lá.

 

Eu ia substituir uma colega que iria de licença de maternidade, colega que não me deu formação e qualquer tipo de apoio, porque tinha medo e senti isso dela, de ser substituída... porque a intenção era eu ficar depois a ajuda-la porque a zona dela ia de Lx ao Algarve, quando a zona centro tinha uma pessoa e a Zona Norte tinha outra pessoa. Mas ela sentiu-se ameaçada, ela não me apresentou aos contactos dela ou melhor apresentou mas apenas a 1 semana de ir embora e do tipo aqui esta a minha agenda com algumas marcações que tens de fazer no próximo mês... não sabia nada de nada, nem o que tinha ela falado com o cliente, que clientes tinha ela fieis, que problemas tinha e onde os tinha... e que locais ela já tinha ido e lhe tinham fechado a porta... nem aqueles truques da área do tipo neste hospital entras por aqui e vais directo aqui... nada... 

No primeiro dia que fiquei sozinha fui a Estefânia, e fiquei ali feita parva a porta sem saber o que fazer, se na primeira empresa que tive, tive imenso apoio, aqui não tive nada... fui para casa... já andava a chorar todos os fins de semana com a perspectiva de voltar a trabalhar... 

Lembro-me de falar com o meu pai, o problema dele de saúde tinha sido resolvido, e ele mudou o modo como encarava a vida... E eu disse que não gostava de onde estava, que queria voltar a um call center, que já tinha visto n anuncios e que facilmente arranjava emprego... o meu pai disse o dinheiro não é tudo na vida, se vês que consegues arranjar emprego e que não te arrependas.... e que te consegues sustentar vai em frente. Mandei 5 CV e fui contactada logo no dia seguinte para ir a 2 entrevistas... aparentemente ter estado 3 ou 4 meses num call center da ZON na linha de apoio ao cliente é o mesmo que ter estado na guerra e todos te querem (isto em 2008).

Uma da área da banca e outra da área de call center que pelo que vi era tão calmo mas tão calmo que iria gostar de lá trabalhar... E disse que sim, e nesse dia ligo ao Patrão... que me andava a ligar diariamente a saber onde eu andava... e se já tinha conseguido resultados... e eu digo desculpe vou me embora... e ele como vai se embora... vou arranjei emprego... emprego onde se a sua área está na hora da morte, está a me enganar... e eu respondi desculpe mas não estou e é o que dá fazer contractos para receber apoios do estado, algum dia o tiro sai-lhe pela culatra. (até porque vim a saber que era política da empresa, ficar com as pessoas após os 9 meses de estágio profissional subsidiados, mas apenas um contracto a receber metade do que eram pagos, assim se houvesse fiscalização podiam sempre dizer que os contratavam). 

O alívio que senti, bem foi como se o mundo tivesse saído das minhas costas... respirei de alívio, fiquei feliz, ia ganhar muito menos, mas podia ir de metro, não era exigido de mim o impossível, sentia-me segura no que fazia. 

Também lá fiquei pouco tempo, consegui emprego na área que estou, num projecto a recibos verdes e por tempo indeterminado mas eu arrisquei... e gostei e depois sai para ir apoiar a minha família, mas voltei-me a anular e a ficar deprimida e só me caiu a ficha quando alguém me disse que o meu pai tinha desabafado com eles a dizer que tinha pedido demais da filha dele e que me tinha anulado, que já não via o meu sorriso. E do nada passado uns dias recebo uma chamada do hospital onde tive a querer me contratar e a ficar comigo.. e voltei a sentir-me eu de novo.... 

E cá continuo... nesta área, tem dias maus e dias bons... mas nunca me voltei a sentir como me sentia... acho que nunca devemos de trabalhar num local que nos deixa a chorar todos os dias, onde sentimos pânico porque é segunda-feira. 

Sei perfeitamente que temos contas para pagar e que ninguém vive do ar... mas devemos de arriscar sempre... mesmo que para isso tenhamos de fazer uma ginástica olímpica com as contas ou mudar o estilo de vida... mas a vida é curta demais para ser vivida em pânico ou com uma depressão em cima. 

 

E por este motivo é que sou tão grata a minha antiga chefe, que teria ido com ela para qualquer lado, bastava ela me ter pedido. Foi ela que me chamou, foi ela que pediu o CV a mim e a mais 3 amigas, porque queria dar a oportunidade a uma de nós, porque sabia que era díficil arranjar emprego estável nos dias de hoje e que ela tinha essa capacidade, só não sabia quanto tempo ia demorar... sim demorou alguns meses, mas ela conseguiu e as minhas colegas recusaram o emprego e eu não recusei. E depois foi a melhor Chefe que tive até aos dias de hoje.

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