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Special Things by Me

Um blog sobre ser mãe, mulher e esposa. Um blog sobre os desafios da maternidade, sobre alimentação especial, um blog sobre tudo e sobre nada.

Special Things by Me

Um blog sobre ser mãe, mulher e esposa. Um blog sobre os desafios da maternidade, sobre alimentação especial, um blog sobre tudo e sobre nada.

Guia para lidar com alguém que perdeu um bebé

No decorrer da minha vida acho que já tenho infelizmente bastante experiência no campo e posso dar umas dicas a quem nunca passou por isto mas não sabe o que dizer a quem passou ou está a passar. Principalmente porque desta vez ao chegar ao trabalho tive muitas pessoas a pedir desculpa por não me terem dito nada, mas não sabiam o que fazer... principalmente porque era a segunda vez... a primeira acho que até eles souberam lidar melhor do que esta.

 

1- Se não sabe o que dizer, não diga nada, não ligue, quanto muito mande uma mensagem com um beijo e força.

2 -  Nunca mas nunca diga -  deixa lá ainda estava de pouco tempo, imagina se já o sentias....

3 - Deixe-se de coisas como - Deus sabe o que faz, e foi melhor assim.... nestas alturas queremos lá saber de Deus e do que ele faz, porque se ele soubesse fazer alguma coisa de jeito não fazia isto... Parece que nos estão a dizer Deus está te a castigar.

4 - Deixem de dizer provavelmente era deficiente ou tinha algum problema, sinceramente não acham que nós sabemos isso, mas mesmo que o digam isso não minimiza ou cura o que sentimos.

5 - Vais ver que tens outro e nem te lembras do que passas-te -  tipo a sério, isso é coisa que se esqueça, é vergonha?! Digo sempre o mesmo tenho uma filha e duas estrelinhas (maioritariamente a mim porque muitas pessoas não entendem). Por muito tempo que passe não deixo de pensar na data que era suposto nascer e pensar, estarias a fazer 3 anos no dia 11 de Outubro, nascia a 2 de Outubro... não deixo de pensar no dia 6 de Fevereiro e no dia 29 Fevereiro..... da mesma forma que alguém que perde um pai ou mãe não deixa de se lembrar da data da morte ou dos seus anos.

6 - Nunca perguntar a pessoa em questão, principalmente se não tem confiança com ela, se temos algum problema para perdermos o bebé....

 

 

O que dizer por mensagem ou carta, nunca ao telefone dias depois de isso acontecer: Sei que é difícil e muito injusto que estejas a passar por isto, não estas sozinha, não foi nada que tenhas feito e nem é tua culpa. A dor não passa apenas diminui, e tenho esperança que um dia me contes novidades bem boas.

Bolcahas Belvitas e o regresso ao passado

Não sei quem fez a "bela" campanha de Marketing das bolachas Belvita, mas de certo que foi um homem perto dos seus 50 anos só pode.

Para quem ainda não ouviu tal anúncio deixo aqui uma amostra das falas e depois digam-me lá se isto não parece aqueles anúncios dos anos 50, em que a mulher esta em casa a preparar tudo a rigor para o marido chegar a casa.

 

(Não está à letra)

Voz de homem -  É preferível acordar assim?

Voz de mulher esganiçada - Acorda, que os teus filhos já estão a tua espera.....

Voz de homem -  Ou assim?

Voz de mulher melodiosa - Queridos os teus filhos já estão vestidos e prontos quando quiseres acordar....

blá blá--- bolachas belvita para um pequeno almoço blá blá para os dias stressantes...

 

 

Ora então é a mulher que tem de vestir os meninos para eles irem para escola e ainda diz ao excelentíssimo esposo de que quando ele quiser se levantar os filhos estão despachados porque a escrava Isaura se levantou n horas antes para ter tudo pronto... Minha nossa alguém que tire a M**** da publicidade das rádios porque eu tenho lá umas bolachas da marca, muito femininas por sinal, porque não vejo homens a comer umas bolachas com iogurte e recheio delicado de morango.... em casa e cada vez que como uma lembro-me de como é machista a marca....

 

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E o meu melhor amigo é

É o Netflix, sem ele estes dias tinha ficado maluca. Sim a TV mesmo por cabo repete muito a programação só passando coiss fixes a noite, e quem não tem cabo e tem satélite que se lixe e não pode andar cá a navegar pelos dias.

Mas com o Netflix foi diferente, vi 5 séries sim, isso mesmo... primeiro comecei com comédias ligeiras tudo originais do Netflix, depois avancei como o marido para o "how to get away with murder" ainda vi a série dramática "The Returned" original também do Netflix. E ainda um filme. 

Como podem ver avancei com comédias para não pensar no assunto e quando comecei a curar-me voltei-me para as séries que cativam e nos interessam. Mas que são pesadas. 

Li um livro que nem vale a pena me lembrar o nome, e comecei outro... e agora recebi imensos livros emprestados, da minha irmã e de uma colega. 

 

Isto sou eu, eu quando estou em baixo refugio-me para as séries e para os livros... há quem não entenda... há quem pense que estou a fugir a realidade, mas eu assim me curo.... assim me encontro. 

 

 

 

30 dias depois

O recomeço, ou assim a vida me obriga. Para muitos foram umas férias, pessoas egoístas que não compreendem nada do que se passa com os outros, apenas olham para o seu umbigo. 

Para mim foi um tempo para me organizar, para fazer o luto em privado... para poder recomeçar, não digo esquecer porque ninguém esquece determinados maus momentos... eu não me esqueço que o mês de Fevereiro não é nada bom para mim, e desta vez mostrou os ares da sua graça logo no último dia do mês... fazendo com que Março também não me traga boas memórias. 

Sim tive a M para me distrair, sem ela de certo que iria ser muito pior. 

Agora estou de volta, e espero continuar a vir aqui mais regularmente e voltar a ter "assunto" para escrever.

 

Por incrível que pareça pelo trabalho o pica ponto continua avariado (temos de ir a outro lado mais longe) e isto já vai quase dois meses. 

 

Ele é o meu pilar

Durante todo este tempo, ouço sempre o mesmo, sou uma pessoa de personalidade forte. Sou forte, heroína... mas a verdade é que eu só sou forte com ele e por ela. 

Durante toda a minha vida juntos, já me aconteceu tanta coisa má, a doença do meu pai, estava lá o meu rochedo, a minha primeira perda gestacional, estava lá o meu rochedo, a gravidez atribulada da M estava lá o meu rochedo, cirurgia de urgência mais uma vez o meu rochedo estava lá, ouvir a sua voz assim que acordei, ouvir as enfermeiras dizerem-me que ele nunca saiu de perto do recobro, e assim que o tempo estipulado da cirurgias terminava ele ia logo ver de mim. Na doença da M fomos o pilar um do outro. Desta vez a perda foi maior, mais difícil, envolveu um internamento, uma anestesia e novamente assim que entro no recobro ouço a voz dele a perguntar por mim e ele a ficar ali comigo. 

Sem ele nunca teria conseguido ir ao fundo do poço e voltar.... não há prova de amor como esta que ele me dá... não importa se ele me dá jóias ou prendas caras, não importa se não me faz declarações de amor tão grandiosas como as que a Cocó conta... o que importa são os momentos maus e quem está lá ao nosso lado para nos segurar... porque os momentos bons esses são fáceis de lidar e sim são os que merecem ser recordados, mas nunca devemos de nos esquecer quem está lá nos maus, porque nos maus muitos poucos ficam. 

 

No fundo o meu B é simplesmente isto para mim, 

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;

 

Excerto retirado do poema de W.H. Auden, a diferença é que he still his and i hope he will be for many more years to come. 

 

Welcome Spring

Era mesmo disto que eu precisava, do sol, do calor, das idas ao parque, de ouvir o sorriso da pequena a brincar. De me sentar num banco do jardim e ficar ali simplesmente a vê-la brincar. 

A primavera é a estação onde a flora e fauna renascem, e eu renasço também mais uma vez.

 

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Só pode ser karma

Aconteceu novamente. Não é por ser uma segunda vez que a perda se torna mais fácil. Acho que ainda é mais difícil. A primeira sabemos que é normal. É a primeira gravidez o corpo ainda não se adaptou e pode acontecer a maioria das mulheres. Mas quando é a terceira gravidez e já perdemos um, nunca nos passa na cabeça perder. Muito menos as 9 semanas quando já tínhamos visto o feto e o coração a bater. Chegar a consulta sem qualquer sinal e assim que olhamos para o ecran por não ser a primeira vez percebemos logo q algo está mal. O saco esta grande como devia mas o embrião esta pequeno. E sabemos logo que algo esta mal. E ouvimos a palavra infelizmente e o mundo desaba. Infelizmente algures entre as seis ou sete semanas o coração parou. Mas o corpo considera que a gravidez esta viável e por isso desenvolveu o saco e não há sinais de aborto. Depois a explicação do que fazer. Escolhemos fazer em casa. Supostamente seria fácil. Não foi. Não pela dor porque fisicamente não tive dores. Mas sim psicologicamente e porque ao fim de três dias nada de sangramento e já tinha acabado uma caixa. Fui internada na cuf pensei em horrores, porque sempre ouvi dizer que doia que sentíamos tudo. Felizmente no privado tratam nos mulheres que perdemos bebés com dignidade. A enfermeira foi querida. Explicou tudo e disse que seria sedada e ia dormir e que nunca iam me por no mesmo sitio com uma mãe acabada de ter um bebé. A minha obstetra uma querida que quis ser ela a fazer o procedimento mesmo tendo ficado a trabalhar até as nove para acabar as consultas. Graças a ela fui só aspirada. Ao anestesista que foi um querido e me perguntou sobre a minha filha para que fosse dormir a pensar nela e não no que me estava acontecer. Acordei a pedir para continuar a dormir. Acordei muito bem. E assim que chegou um bebé levaram me logo para o meu quarto. Claro que o meu marido não me deixou sozinha. E a minha família e amigos deram imenso apoio. E aos poucos vou dando a volta por cima de um pedragulho no meu caminho. Dia 29 de Fevereiro felizmente só acontece de 4 em 4 anos. Foi o dia em que descobri que o meu corpo me deixou mal novamente.