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Special Things by Me

Um blog sobre ser mãe, mulher e esposa. Um blog sobre os desafios da maternidade, sobre alimentação especial, um blog sobre tudo e sobre nada.

Special Things by Me

Um blog sobre ser mãe, mulher e esposa. Um blog sobre os desafios da maternidade, sobre alimentação especial, um blog sobre tudo e sobre nada.

Ter 17 anos não muito obrigada

Por causa deste post que o sapo destacou mais uma vez pensei sobre como é complicada esta fase da nossa vida. Ainda somos uns putos mas já temos de tomar uma decisão que muitos adultos seriam incapazes de tomar. 

Já aqui tinha abordado este tema do ponto de vista de como um pai pode "obrigar" um filho a ir para a universidade. 

A verdade é que não pode nem deve... não deve pressionar mais do que a vida já o esta a obrigar e contudo não deve de o deixar fazer tudo o que quer sem impor limites. Limites de sim podes tirar um ou outro ano a trabalhar se é isso que queres mas tens de pagar a tua parte aqui em casa. Para que eles entendam que a vida é difícil e sem alguma formação não vão lá. 

Por ser uma altura decisiva os 17/18 anos para os jovens, se estudam ou não, se tiram um curso profissional ou universitário, se mandam tudo ao ar e vão trabalhar é que eu não queria voltar a ter essa idade. 

Os meus pais insistiram muito para que eu fosse para a universidade, não fui obrigada, mas fui muito manipulada nesse sentido... se me arrependo, não vivi os melhores anos da minha vida lá, conheci lá o meu marido... abriu me portas para o emprego que tenho, MAS... sinto me sempre um pouco "mal" por não ter conseguido emprego na minha área... sei que estou melhor do que os meus amigos que seguiram essa área do ponto de vista de estabilidade. Do ponto de vista de realização profissional não me sinto realizada. 

Também aprendi com a vida que o meu lado pessoal conta muito mais que o profissional, estou feliz com a minha família, com a minha casa e com o que conquistei e isso dá-me muita paz de espírito. 

Mas de facto é muito angustiante ter 17/ 18 anos e sentirmos-nos perdidos, ainda hoje consigo voltar atrás no tempo e ver que foi com essa idade que me senti presa, encurralada, deprimida, sentir que podia desiludir os meus pais ao não seguir um curso superior. Acho que todos se sentem um pouco assim. 

Claro que mais tarde ao terminar a faculdade com 21 anos bati finalmente o pé e recusei fazer um Mestrado na minha área, não ia desperdiçar mais 2 anos da minha vida num curso que sabia eu nunca me iria dar estabilidade financeira e profissional a não ser que sai-se do país é claro. E com 21 anos não era isso que eu queria. Olhando para trás não me arrependo nada do que fiz. Todas as decisões me levaram a onde estou hoje e hoje estou muito bem... 

 

Só espero que daqui a 16 anos consiga apoiar a minha filha nesta fase tão complicada da vida e me recorde da sensação de impotência e pressão angustiantes que sentia nessa idade. 

A escola de hoje....

Como mãe fico sempre apreensiva com o futuro da M... de pensar que daqui a 3 anos terá 5 anos e como nasceu em Novembro poderá entrar ou não no 1º ano (eu entrei) deixa-me um pouco ansiosa. 

E ansiosa porque, porque o ensino hoje em dia está no meu ponto de vista, demasiado excessivo, excessivo na quantidade de matéria, excessivo na quantidade de exames, excessivo na quantidade de pressão exercida e com muita pouca qualidade. 

Para mim o ministro da educação  (os vários que tivemos) acham que resolver o insucesso escolar passa por simplesmente aumentar a carga de matéria (muitas vezes inútil) que o aluno deve assimilar, aumentar o número de exames para que possam quantificar a qualidade do ensino, mas nunca aumentarem o número de horas que as crianças passam na escola. 

Já ouvi diversas mães queixarem-se que os seus pequenos rebentos de 6 anos levam imensas fichas para casa, tendo em conta que muitas mães chegam a casa perto das 7 da noite, mais jantares e mais dar banho, com que cabeça tem uma criança de 6 anos de fazer as fichas, que atenção raramente consegue fazer sozinho, quanto mais não seja porque ainda não sabe ler como deve de ser. 

Não sei a que horas o ensino público funciona, suponho que possam deixar os miúdos as 8:00 da manhã e ficam com auxiliares e depois as 9:00 começam as aulas e depois as 17:00 termina as aulas, e muitas crianças têm de ir para ATLs ( que substituem os pais muitas vezes nos TPC´S), mas muitas crianças vão para os avós (que não sabem ler ou já não entendem nada da matéria para os ajudar). 

Depois eu no meu primeiro ano comecei a aprender a escreve e a ler, agora vejo pela minha sobrinha que já sabem ler logo em Dezembro... a velocidade que debitam a matéria é aterradora... até já aprendem geometria no segundo ano... Coisas que eu nunca me lembra de ter aprendido até ao 4 ano. 

Chegam ao segundo ano e descubro que algumas escolas fazem uma prova de aferição para conseguir avaliar que alunos estão piores e outros melhores para os preparar melhor para a prova do 4 ano. 

Eu pergunto e é preciso uma prova, ou não deveria de o professor perceber isso pelo modo que o aluno se comporta, pelo modo como faz os exercícios no quadro?! Ou já não vão ao quadro, é tudo feito por fichas e mais fichas e os pais em casa podem fazer batota, ajudando ou fazendo os trabalhos?! 

Fico pasmada depois como chegam ao 5 ano e tem muitas tardes ou manhãs livres, antes de ser mãe batia palminhas, agora como mãe que trabalha fico em pânico. São crianças de 10 anos, desculpem lá as tardes livres só servem para andar a brincar onde não devem ou se estão em casa ligar o pc ou a psp e andar a brincar até os pais chegarem e terem de fazer as fichas, as enormes fichas em casa, fora trabalhos de grupo que envolvem powerpoints e afins (o que é feito da velha cartolina, e as idas a biblioteca pesquisar sobre os temas). 

O que os pais optam por fazer, irem para ATLs onde as crianças se sentem novamente controladas tem de fazer TPC´s e estudar... onde os intervalos são cronometrados e não ao sabor de boa conseguis-te fazer os TPC´s todos então bora lá fazer uma actividade engraçada. 

Este ano em Setembro estava na caixa com uma senhora em pânico porque deixou o marido encomendar os livros online e só encomendou os livros da matéria e eu mas então não são esses os precisos, tenha calma depois compra os outros quando estiverem disponíveis, são auxiliares de estudo certo. Resposta da senhora, não menina esse é que é o problema... na escola do meu filho que esta no 8 ano, fazem fichas nas aulas e em casa também... 

E eu respondo bolas no meu tempo o professor é que tinha de passar os exercícios, não usava cabulas caras para o bolso do pai. 

Mas tb não recrimino os professores, passam as aulas todas a tentar debitar a matéria num ritmo alucinante, ainda me lembro no 12º ano de o meu professor de matemática... dizer "Vá meninos depois perguntem ao explicador como se resolve este exercício que temos de acelerar porque já vamos atrasados na matéria e os exames nacionais sai tudo". Lembro de achar isto ridículo, então a escola serve para debitar ou ensinar. 

Se é para debitar epa que metam uma cassete e uns vídeos a passar a matéria e a dizer no final a seguir façam a ficha do 1 ao 10 e tudo para hoje, ah e a seguir a português façam do 1 ao 15... e por ai fora. 

A sensação que tenho é que hoje em dia os alunos tem de ser auto didactas. Foi isso que senti no ensino secundário. E sim fui para a faculdade e ai sim vi um ensino bom e em condições. 

Conheci o conceito de aulas práticas... pasmem-se tínhamos aulas teóricas onde a coisa era debitada e muitas x ficávamos a pensar estou a apanhar navios... mas depois nas aulas práticas entendíamos a coisa, e se tínhamos dúvidas tínhamos a aula prática e mais um horário de duas horas onde podíamos ir ter com o professor e tirar dúvidas, não tive explicador nenhum na faculdade e passei, tirava dúvidas com os professores, colegas e estudávamos em grupo. 

No secundário tinha explicador e notava uma competição desumana entre alunos, ninguém estudava em grupo, ninguém ajudava ninguém. 

 

Para mim a solução é mesmo passar as escolas a estarem abertas das 8:00 as 17:00, terem aulas práticas para as disciplinas de pior ranking nacional. Não haver necessidade de explicadores privados e ATL´s. Pelo menos até ao secundário. Existir aulas de estudo acompanhado. E depois das 17:00 perguntam vós as crianças podem ser crianças novamente.... Chegar a casa lanchar, tomar banho e se quiserem ficar a vegetar no sofá que fiquem, vão muito mais animados para escola... e o fim de semana, ter sim trabalhos de grupo, mas não uma pilha de TPC´S que prende filhos e pais em casa sem poderem aproveitar o tempo em família. 

Porque as famílias não tem só um filho, muitas vezes tem dois e três filhos... e cada um com sua pilha de TPC´s e trabalhos de grupo, que faz com que os pais também se sintam escravos da escola e não vejam a hora para as férias escolares. 

 

Passamos de oito a oitenta, eu nunca disse que não gostava da escola, que estava farta de estudar (só no 9 ano e secundário). Hoje é com tristeza que vejo crianças nervosas com as provas escolares, com os testes... e choram de cansadas que estão e que já não podem ser crianças....

 

Por isso é que eu agora deixo a minha filha brincar o que quer, mesmo que isso signifique ter a casa desarrumada, ir mais vezes ao parque com ela... e não exigir demasiado dela... porque sei que vai ter pressão suficiente de fora para crescer mais depressa do que devia. 

Os jovens de hoje

Numa conversa habitual de desabafo sou abordada com o "a minha filha que vai fazer 18 anos está numa idade muito complicada, eu não sei o que fazer porque quando eu tinha 18 anos era fácil ter trabalho, o que respondo a uma jovem que não quer tirar o 12 ano porque não vale a pena que não há emprego?" 

Eu pensei nisto e reflecti e aconselhei como mãe e como quem ainda a poucos anos (11 anos) teve essa idade. Sei que quando foi para escolher a área de ensino, se letras, economia ou ciências me senti angustiada, só estava eu no 9 ano e já tinha uma responsabilidade tão grande... resolvi pelas notas que tinha, era boa a ciências. 

Quando estava a terminar o 12º ano tinha de escolher o curso, e o que eu gostava mesmo era do ensino, mas o ensino estava mal muito mal e depois de muita angustia minha e pressão de escolher uma profissão que desse emprego fui para biologia celular e molecular, não para biologia marinha que isso não dá dinheiro. Conclusão não fui para investigação porque não há bolsas e trabalha-se muito a borla e tive muita sorte e graças ao meu marido e a mulher de um amigo dele que a vida me abriu a porta a este emprego (foi por mérito sim, a única cunha foi a pessoa levar o curriculum a uma amiga e essa amiga dar-me emprego a recibos verdes, onde conheci indirectamente as pessoas para quem trabalho agora e me contrataram pelo bom trabalho efectuado). Mas trabalhei quase um ano em call-centers que eram os únicos locais que aceitavam licenciados. Trabalhar num shopping ou supermercado é ter as portas fechadas porque somos licenciados e se mentimos na formação não nos dão emprego porque estivemos 5 anos sem fazer nada. 

 

Sim é uma pressão muito grande para os jovens de 18 anos, mas o meu conselho é que os pais não deixam os filhos baixarem armas só porque o futuro não aparenta ser risonho, ninguém sabe o que o futuro nos trará... o que não podemos ser é derrotistas... sim acabem pelo menos o 12 ano... e sim os pais devem incentivar os filhos a que trabalhem quando acabem o 12 ano... ou se os filhos quiserem estudar/ trabalhar ao mesmo tempo que imponham regras. A meu entender o pior que podem fazer a um jovem de 18 anos é dizer ok vais trabalhar, ficas em casa dos pais, a mãe trata da comida e da roupa e faz tudo pelo filho(a) e o dinheiro que eles ganham é para as despesas deles... E eu pergunto que despesas, ah para saírem com os amigos e comprarem roupa e afins. Então mas pêra ganham o ordenado mínimo, muitas vez o mesmo que os pais, mas depois não ajudam os pais? Ah não porque o dinheiro é deles e não é justo fazerem isso, os meus pais não me fizeram isso e eu tb não faço isso aos meus! Mas espera no seu tempo os seus pais deixavam andar a vadiar todos os dias ou fins-de-semana pós trabalho? Não, mas por isso é que nós queríamos sair de casa porque não tínhamos liberdade. 

E assim chegamos a minha conclusão, os pais hoje em dia querem dar o melhor aos seus filhos, não percebendo que não os estão a empurrar para fora do ninho mas sim a prender ao ninho. Se eu for um jovem de 18 anos, começar ali a trabalhar por exemplo numa loja de roupa, sim temos um chefe e pode ser chato, trabalhar fins de semana e ter folgas rotativas... mas depois chego a casa e tenho roupa lavada e comida na mesa sem ter de contribuir uma palha, seja em dinheiro ou trabalho manual e ainda tiro um rendimento de 500 euros ao fim do mês só para mim... oh maravilha para que sair de casa e ser independente?!! Ou para que prosseguir os meus estudos ou lutar por uma vida melhor se tenho uma vida boa em casa dos meus pais?! 

E é assim que as vezes em questões de segundos ou minutos os pais destroem uma educação de toda uma vida, pois pensam que é injusto que os filhos contribuam para a casa se isso é da responsabilidade dos pais. 

Alto e para o baile, é da responsabilidade dos pais dar educação aos filhos, educação essa que é obrigatória o 12º ano, se o filho quer se licenciar e os pais tiverem capacidade para ajudar melhor. Senão o poderem ajudar epá não chorem baba e ranho porque no estrangeiro é prática comum, estudar e trabalhar. 

 

E fica aqui este texto para quando eu tiver com uma filha com quase 18 anos e me sentir tentada a cair na tentação de lhe dar tudo de mão beijada. Nem que seja ela pagar só a sua alimentação por exemplo, ou dar 100€ por exemplo que vão para uma conta dela e eu depois dar-lhe quando ela sair de casa. Mas algo que lhes ensine um pouco do que é a responsabilidade financeira... que isto não é só trabalhar e gastar dinheiro, ser adulto exige muita responsabilidade financeira e muito trabalho domestico, que a maioria dos jovens em Portugal nem faz ideia o que significa ser adulto.